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Notícias
Programa de Ideação reuniu participantes de diversas idades, nacionalidades e etnias em Boa Vista – RR
Diversidade. A palavra resume a quarta edição do Programa de Ideação, realizada de 5 a 7 deste mês em Boa Vista, Roraima. O encontro foi marcado pela pluralidade de conhecimentos e experiências. A iniciativa reuniu cerca de 50 pessoas de diversas idades, nacionalidades (brasileiros, haitianos, venezuelanos e beninenses) e etnias (povos indígenas Macuxi, Waiwai e Wapixana).
O programa adota o formato e a metodologia de bootcamps, treinamentos imersivos para o desenvolvimento de habilidades, os quais incorporam desafios de inovação relacionados às temáticas de conservação, recuperação e uso sustentável da vegetação nativa. Durante o fim de semana, os participantes tiveram que transformar ideias em empreendimentos inovadores com foco na conservação e uso sustentável da Floresta Amazônica.
De acordo com a assessora técnica do PNUD, Fernanda Coelho, a proposta do encontro foi promover a estruturação de novas ideias que favoreçam a recuperação e a conservação da vegetação nativa no Estado de Roraima. ‘’Nessa imersão trabalhamos para que novas ideias de negócios voltados para a conservação da floresta e geração de renda para população sejam geradas, mas principalmente para impulsionar os participantes a pensar fora da caixa, buscando promover esse despertar voltado ao empreendedorismo”, explicou.
No primeiro dia, os participantes se dividiram em sete times: Açaí no Bule; Inovazônia, ITiTi (Instituto Turismo Imersivo em Terras Indígenas); Os Exponenciais; Pacovã; Resiliência Solar; e Preservarr. Cada grupo teve que pensar coletivamente em ideias para o desafio relacionado à agregação de valor aos produtos e subprodutos da sociobiodiversidade.
Nos dois dias, os times passaram por treinamentos e atividades “mão-na-massa”, seguindo uma metodologia customizada para o desenvolvimento de uma solução inovadora para a resolução de desafios relacionados às temáticas de conservação e recuperação da floresta. Além de conceitos básicos de modelagem de negócio, a metodologia buscou o desenvolvimento de habilidades, despertando, assim, potenciais para inovar e tirar as ideias de projeto do papel. Durante o fim de semana, os grupos ainda contaram com o acompanhamento de mentores e mentoras com vivência de mercado de trabalho e experiência com atividades de inovação e uso sustentável.
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Ao fim, os participantes apresentaram soluções para uma banca de especialistas em negócios, que avaliou as propostas relacionadas à biodiversidade e à conservação da Amazônia no estado. Os projetos construídos pelos times foram: i) aproveitamento da semente do açaí para produção de bebida semelhante ao café (Açai no Bule); ii) transformação do buriti em óleo cosmético (Oilti); iii) turismo de base comunitária sustentável em comunidades indígenas (ITiTi); iv) transformação do caule da bananeira em copo biodegradável (Os Exponenciais); v) beneficiamento do caule da bananeira em embalagens sustentáveis (Pacovã) com foco em bares e restaurantes locais; vi) assessoria técnica para reflorestamento, plantio e monitoramento em áreas degradadas financiadas por empresas (PreservAmazônia); e vii) reciclagem e manejo de placas e outras estruturas do sistema de energia solar (Resiliência Solar).
A jovem indígena Macuxi, Ilzamara Souza, destacou a importância da iniciativa para apoiar a proteção de seu território e de outros povos do estado. ‘’Foi a primeira vez que participei de um evento como esse, que pensa negócios e lucros alinhados à sustentabilidade. Uma oportunidade de a gente pensar em soluções e em empreendimentos que contribuam para barrar o desmatamento da floresta nas nossas terras, principalmente’’, enfatizou.
Para o desenvolvedor de sistemas Ibukun Didier, do Benin, que mora há 10 anos em Boa Vista, foi o primeiro contato também com a abordagem de bootcamp. ‘’Aprendi como organizar minhas ideias de negócios e colocar em prática. Gostei bastante das metodologias utilizadas durantes os três dias. Foi uma oportunidade também de fazer contato com pessoas de diferentes experiências. E o mais bacana foi que, a partir das nossas ideias empreendedoras, podemos incidir nas questões ambientais da Amazônia’’, declarou.
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‘’Tivemos resultados exitosos, uma diversidade de participação. Todos os times bem engajados. Eles trouxeram ótimas ideias sobre inovação e conservação da Floresta Amazônica. Nossa expectativa é que os projetos construídos nestes dias possam se desenvolver e crescer ao longo do tempo’’, ressaltou a coordenadora-geral de REDD+ e Instrumentos Econômicos do Departamento de Políticas de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Márcia David.
Os times vencedores foram Pacovã, Inovazônia e Açaí no Bule – primeiro, segundo e terceiro lugares, respectivamente. As equipes campeãs receberão como prêmio consultorias e mentorias virtuais personalizadas para colocarem em prática as propostas dos negócios sustentáveis.
O Programa de Ideação faz parte de um conjunto de ações e estratégias da Modalidade Inovação no âmbito do ”Projeto de Pagamentos por resultados de REDD+ alcançados pelo Brasil no bioma Amazônia em 2014 e 2015”. O programa é promovido por MMA e PNUD, com recursos do Fundo Verde para o Clima (Green Climate Fund). O encontro teve como parceiros executores a empresa de Inovação, Ciência, Tecnologia e Negócios (Wylinka) e o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), além do apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Fotos: Fernando Siqueira/PNUD