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Mais de R$ 12 milhões investidos na conservação para famílias agricultoras da Amazônia pelo Floresta+
O Projeto Floresta+ Amazônia, no âmbito da Modalidade Conservação, alcançou mais de R$ 12 milhões (Lote 1 e Lote 2) em Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) a agricultores e agricultoras inscritos e aprovados no Edital de PSA Agricultura Familiar. Ao todo, 1.166 pessoas estão sendobeneficiadas diretamente pela iniciativa em sete estados da Amazônia Legal. O investimento retorna em forma de conservação da vegetação nativa – equivale a 120 mil hectares de floresta viva e em pé.
Deise fez a floresta florescer em sabores

Em Castanhal, no Pará, vive Deise da Silva Alves, uma mulher agricultora que aprendeu com a própria terra o valor da paciência e da persistência. O sítio onde mora pertence à sua família há mais de 40 anos, mas foi só há cerca de 15 que ela e o marido, Antônio Alves, decidiram transformar aquele pedaço de chão em fonte de vida e sustento.
No início, vieram as árvores frutíferas — plantadas uma a uma, com o cuidado de quem semeia sonhos – e depois o cacau. A fruta sagrada dos deuses, como dizem os antigos, encontrou morada fértil no Sítio Agro Familiar Itaqui. A partir dela, nasceram chocolates artesanais, licores, nibs (produto feito com a semente) e um novo orgulho que tomou conta de todos.
Deise e o marido, companheiros de vida e de trabalho, não pararam mais. Hoje, o sítio é um verdadeiro celeiro de riquezas amazônicas: biscoitos e doces de Castanha-do-Pará, mel puro do apiário Sabor Agro Familiar, óleos preciosos como o de andiroba — tudo produzido com amor e respeito à floresta em Sistemas Agroflorestais (SAFs), cultivando cupuaçu, castanha e andiroba sem derrubar as árvores nativas.

Com quase toda a área do sítio preservada, Deise se inscreveu e foi contemplada pelo PSA do Floresta+ Amazônia. O dinheiro vai ajudar a tornar realidade o antigo desejo de investir na criação de peixes. “A piscicultura era um sonho antigo, e esse dinheiro vai nos ajudar a comprar os alevinos e a ração para iniciar a criação”, contou a agricultora, com o brilho nos olhos de quem acredita no amanhã.
Assim como Deise, o grupo contemplado neste lote é formado por agricultores e agricultoras familiares com propriedades de até quatro módulos fiscais, aprovados para receber valores que variam de R$ 1.500 a R$ 28 mil, conforme o tamanho da área, o grau de conservação e a localização do imóvel. Entre os contemplados, 87% possuem uma produção baseada em práticas extrativistas sustentáveis.
Edu Rodrigo, o guardião da Palmeira Jaci
Em Feijó, no Acre, o verde da floresta se mistura com o som tranquilo da vida no Palmeiral Jaci, propriedade que leva o nome da palmeira típica das terras acreanas. É aí que vive Edu Rodrigo da Silva Rodrigues, um agricultor que carrega no olhar o orgulho de quem entende que preservar é mais do que uma escolha. É um compromisso com o futuro.
Quando ouviu falar do projeto que valoriza quem mantém a floresta em pé, Edu não teve dúvidas: era a oportunidade perfeita para unir o que sempre acreditou e seguir produzindo farinha, milho e outros alimentos para a família, cuidar da natureza e continuar estudando.
“Minha maior motivação foi preservar”, conta ele, lembrando o momento em que decidiu se inscrever. “Tudo foi explicado com clareza: o que fazer, o que evitar e principalmente, por que conservar é tão importante”. Atualmente, Edu se divide entre o curso de Gestão Pública e a propriedade em Feijó, onde a família segue produzindo e preservando. “É importante não só pra gente que está recebendo, mas para toda a população. Quanto mais a gente evitar o desmatamento e as queimadas, mais todo mundo ganha com isso.”
Mais mulheres e novos lotes até o final do ano
Desde o lançamento do edital, em dezembro do ano passado, o projeto já recebeu 8.189 inscrições. Além de incentivar práticas sustentáveis e apoiar quem mantém a floresta em pé, o projeto busca fortalecer o protagonismo feminino, fortalecendo e reconhecendo mulheres fortes, como a agricultora Maria Mirete Aquino, de Santana, no Amapá. Sem renda no momento, ela sabia que precisava de uma oportunidade, que veio com a inscrição e aprovação no Floresta+ Amazônia.
“Esse dinheiro vem em boa hora. Vou melhorar a irrigação do terreno e cuidar melhor da minha plantação, investir na produção de arroz e outros alimentos”, disse. Além da produção e do apoio financeiro, se diz feliz de fazer parte de algo maior. “Esse projeto é muito importante para a proteção do nosso meio ambiente, das nossas terras e do nosso planeta, que está gritando por socorro por causa da destruição das florestas. Se a gente trabalhar junto pelo meio ambiente, vamos deixar que nossos filhos e netos conheçam o verde, a natureza viva, prevalecendo no futuro.”
O Floresta+ Amazônia é uma iniciativa de cooperação internacional do Governo Brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com financiamento do Fundo Verde para o Clima (GCF)