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Formação fortalece autonomia dos povos Ticuna, Kokama, Kanamari e Kambeba na conservação ambiental

Com apoio do Projeto Floresta+ Amazônia, a Associação de Desenvolvimento Artístico e Cultural da Aldeia Indígena de Belém do Solimões (ADACAIBIS) e a Associação das Mulheres Indígenas (Mapana), em parceria com a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), vem fortalecendo ações de capacitação para a conservação ambiental nas Terras Indígenas Eware, por meio do projeto Projeto Wicüracü Rü Nuparacü. A iniciativa promove   cursos modulares sobre Manejo de Recursos Pesqueiros e Manejo de Recursos Florestais, nas  Terras Eware I, Eware II e Ticuna Feijoal, no município de Tabatinga (AM).

Os cursos, com cinco dias de duração em cada módulo, abordam temas como Educação Ambiental, Igualdade de Gênero, Mudanças Climáticas, Informática e Educação Digital, além de Gestão Ambiental e Monitoramento Territorial. Durante as atividades, os participantes aprenderam a utilizar o aplicativo Gaia GPS para coleta de dados geográficos, registrando pontos, trajetos e fotos georreferenciadas. 

A iniciativa promove   cursos modulares sobre Manejo de Recursos Pesqueiros e Manejo de Recursos Florestais, nas  Terras Eware I, Eware II e Ticuna Feijoal, no município de Tabatinga (AM).

O conteúdo também inclui conceitos sobre latitude e longitude, uso de mapas e a distinção entre monitoramento e fiscalização, além de uma introdução à Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) e à elaboração de Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA). Ao todo, a formação inclui cerca de  80 jovens, entre homens e mulheres indígenas.

“Aprendemos com os professores que precisamos preservar, cultivar, coletar, plantar e semear. Se a gente não semear e não preservar a nossa floresta, ela vai acabar. Quando a gente tira a madeira das árvores, temos que plantar de novo para que elas não acabem. Nós somos responsáveis por preservar e cuidar da floresta, para que ela continue existindo. Quero agradecer muito aos professores pela informação e pelas aulas”, afirmou Jackson Pereira, estudante do povo Ticuna do curso de Manejo Floresta e residente na comunidade de Belém do Solimões, Terra Indígena Eware I.

Integração de saberes

As formações unem conhecimentos técnicos e saberes tradicionais. Durante as aulas de Instrumentos de Pesquisa Participativa, os cursistas elaboraram roteiros de entrevistas para ouvir anciãos e lideranças, registrando memórias e práticas de manejo.

Os cursos tem cinco dias de duração em cada módulo.

“Aprendemos como é importante a gente preservar nossos lagos e nossos peixes, que são a nossa comida, para a gente poder viver. Se nós mesmos jogarmos lixo no lago ou poluirmos a água, vamos estragar o nosso lago, o nosso rio e os nossos peixes. Por isso, aqui no curso de Manejo de Lagos, os professores nos ensinam e reforçam a importância de preservar e cuidar bem do nosso peixe e do nosso lago. Se a gente não cuidar, os peixes vão acabar e vamos perder nosso lago. O mais importante é cuidar, preservar e não jogar lixo”, explicou o jovem Ticuna Robson Chagas, estudante de Manejo de Lagos e residente na comunidade de Belém do Solimões, Terra Indígena Eware I.

Durante a formação os participantes também têm momentos de experimentação de tecnologias como drones, incentivando a criatividade no monitoramento comunitário. Entre os intervalos de módulos, cada participante leva um mapa do território para, junto com a comunidade, construir um mapa mental coletivo com pontos importantes para o manejo e conservação.

Participação diversa e protagonismo

O projeto busca garantir inclusão, com pelo menos 50% das vagas destinadas a mulheres e a participação de jovens LGBT, pessoas com deficiência e mães com filhos pequenos. A diversidade foi celebrada pelos organizadores como um reflexo da realidade e da força das comunidades.

Para a coordenadora do Centro Cultural de Formação do Eware, Josi Ticuna,  os cursos têm importância fundamental para os territórios em múltiplas dimensões: fortalece o conhecimento tradicional sobre uso sustentável dos recursos, preservando cultura e território; garante autonomia e segurança alimentar ao possibilitar atividades econômicas sustentáveis; capacita na proteção territorial, permitindo identificar e combater ameaças como desmatamento e pesca predatória; além de formar técnicos em monitoramento ambiental e facilita o diálogo qualificado com instituições, influenciando políticas ambientais e territoriais. 

As formações unem conhecimentos técnicos e saberes tradicionais.

“O projeto valoriza o papel crucial dos indígenas na preservação da biodiversidade brasileira e na gestão sustentável de nossos territórios. Além disso, reforça a relação espiritual com a natureza e contribui para a transmissão de saberes às novas gerações, garantindo a continuidade cultural”, reforçou Josi Tikuna. 

Resultados e continuidade

A avaliação dos cursistas indicou 98% de satisfação com a formação. Além do aprendizado técnico, a troca de experiências entre os diferentes povos fortaleceu laços e estimulou novas iniciativas.

A expectativa é de que as próximas etapas mantenham as disciplinas de Informática e Língua Portuguesa, a pedido dos participantes, garantindo que o conhecimento adquirido continue a se ampliar e se multiplicar nas comunidades.

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