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Da Amazônia para o mundo: a história de agricultores de Maués (AM) que transformam o guaraná em símbolo de cultura amazônica com apoio do Floresta+ Amazônia

Em Maués, no estado do Amazonas, conhecida como a Terra do Guaraná, o sítio Surucucu floresce como exemplo de como conservação, saberes tradicionais e inovação podem caminhar juntas para transformar vidas. À frente dessa história estão Claudomiro de Souza e seu filho, Cleberson de Souza, que dão continuidade a uma herança cultivada há gerações: o guaraná amazônico. Por meio da marca Flor do Guaraná criada por eles, o produto chega a todo o Brasil e alcança mercados europeus e dos Estados Unidos. Toda produção mantém a área de vegetação nativa da propriedade conservada.
Mais do que plantar, colher e beneficiar o fruto, pai e filho carregam no trabalho diário o peso e o orgulho de manter viva uma tradição que sustenta famílias, movimenta a economia local e projeta o nome da Amazônia para mercados internacionais. O guaraná produzido por eles tem certificação orgânica e Indicação Geográfica (IG), garantindo não apenas qualidade, mas também o reconhecimento de técnicas tradicionais transmitidas de geração em geração.
A trajetória de Claudomiro e Cleberson ganhou um novo capítulo com a chegada do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), pela Modalidade Conservação do Projeto Floresta+ Amazônia. Por conservar áreas de floresta nativa e manter o Cadastro Ambiental Rural (CAR) em dia, a família passou a receber apoio financeiro que se reverte em melhorias diretas para a produção e a vida comunitária. Os agricultores participaram do primeiro edital do PSA e, recentemente, durante o mutirão presencial do Floresta+ em Maués se inscreveram no segundo edital, que continua vigente e recebendo inscrições.
Com os recursos do Floresta+ Amazônia, foi possível investir em embalagens modernas e atrativas, desenvolvidas também em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/Amazonas), além de garantir presença em feiras que conectam produtores locais a compradores de todo o Brasil e do mundo. Recentemente, os agricultores expuseram seus produtos orgânicos na Amazon Tech, que reuniu empreendedores de toda a América Latina e do Brasil. “O PSA nos permitiu melhorar os tratos culturais, as embalagens e levar o nosso guaraná para competir de forma justa e valorizada. Estamos felizes e agradecidos pela parceria”, ressaltou Claudomiro.

O guaraná como herança e futuro
Cleberson conta com orgulho que é a terceira geração de guaraná-cultor, como são chamados os produtores de guaraná. O tom de sua fala carrega a força de quem não apenas herdou a terra e o saber, mas também a missão de fazer prosperar um produto que é, para Maués, motivo de identidade e orgulho, por isso a gratidão aos parceiros, incluindo o Floresta+.
“Com gratidão, lembro que não estamos sozinhos: o saber tradicional, aliado ao apoio de parceiros como o Projeto Floresta+ Amazônia, mostra que cultivar guaraná é muito mais que produzir. É manter viva uma tradição, gerar renda com dignidade e fortalecer a raiz cultural que sustenta nossa família”, afirmou Cleberson.
As técnicas de colheita seletiva dos frutos maduros, a torra das sementes e o beneficiamento artesanal resultam em pó e bastão de guaraná considerados entre os melhores do mundo. Hoje, os produtos da família chegam a mercados exigentes dos Estados Unidos e da Europa, conquistando espaço também nas feiras nacionais e internacionais, onde são apresentados sob a marca Flor do Guaraná.

Quando conservar a floresta vira sustento
A história do sítio Surucucu não é isolada. Em Maués, cerca de mil famílias vivem direta ou indiretamente do guaraná. O fruto, que já foi considerado moeda de troca entre povos indígenas, hoje, firma-se como motor de uma bioeconomia que respeita a floresta e sustenta comunidades. As famílias que se dedicam à cultura do guaraná, como Claudomiro e Cleberson, ajudam a preservar o bioma amazônico, mostrando ao mundo que desenvolvimento e conservação podem caminhar juntos. “O guaraná é um produto-prêmio da Amazônia. É a origem da nossa cidade, Maués, e é também o futuro para nós e para nossos filhos”, resume Cleberson.
Mais que uma bebida energética ou um ingrediente típico, o guaraná de Maués se torna, nas mãos dessa família, um símbolo de resistência e de esperança. Resistência por manter vivas as práticas ancestrais de cultivo em um mundo que muitas vezes desvaloriza o pequeno produtor. Esperança por abrir portas e mostrar que, ao conservar a floresta, é possível gerar renda, dignidade e reconhecimento.
Do sítio Surucucu para o mundo, o guaraná de Claudomiro e Cleberson é mais do que um produto: é a prova de que a Amazônia tem muito a ensinar sobre equilíbrio, tradição e futuro.
O Floresta+ Amazônia é uma iniciativa de cooperação internacional do Governo Brasileiro, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com financiamento do Fundo Verde para o Clima (GCF).